terça-feira, 22 de setembro de 2009

PRÁ DIZER QUE NÃO FALEI DOS VERSOS

Onde a Ventura Mora


Uma casa de palha à beira de uma estrada.
Dentro, um pote, um baú, uma rede e uma esteira,
fora, dando alegria à casa, uma roseira.
Em torno, a solidão: a grande paz sonhada...

O homem acorda cedo ouvindo a passarada:
vai ao campo cantando uma canção brejeira...
fica a embalar o filho a humilde companheira;
em seguida, faz renda ou borda na almofada.

À tardinha, é o regresso. A criança, ao vê-lo grita.
Ela acha que o marido é bom como ninguém.
Ele acha que a mulher é a mulher mais bonita.

Tu não crês na ventura; ela existe, porém:
é nessa casa pobre onde a ventura habita;
se viveres assim, serás feliz também.

Cleômenes Campos

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